O Inferno existe?

Indo direto ao ponto e sem muita enrolação, a resposta é sim(!) Explico: Ao longo da Bíblia três palavras são traduzidas para português para fazer referência ao “inferno”: Sheol, Hades, Tártaro e Gehenna.

Sheol e Hades são palavras que se referem a mesma coisa: uma sepultura. A primeira em hebraico a segunda em grego. Então se o texto cita quaisquer dessas o autor está se referindo a túmulos, unicamente!

Tártaro, por sua vez, é o lugar em que os deuses helênicos aprisionaram os titãs depois da guerra contra estes, a Teogonia. Então isso significa que o inferno é algum tipo de quarto alugado do cárcere dos olimpianos?

Hell.jpg

E finalmente Gehenna, o tal “lago de fogo”. Outra invenção, pois Gehenna nada mais é do que um lugar físico, mais precisamente o Vale de Hinon, que era onde os judeus queimavam o lixo, um aterro sanitário(!).

O inferno, segundo os moldes apregoados pelo cristianismo é obviamente de origem grega, mais precisamente de autoria do filósofo Platão, que o descreve em detalhes ao longo de sua obra, na tradição helênica.

Os judeus não acreditam em inferno, no entanto a ideia era bastante difundida. Nos primeiros séculos, após as investidas macedônicas e vivendo sob julgo romano, os judeus experimentavam uma “helenização”.

A Bíblia e o formato da Terra: Os teóricos da conspiração estão certos!

Se agarrar com unhas e dentes a religião e diversos de seus elementos em detrimento do que apontam as evidências é de uso comum de quaisquer fundamentalistas. Pudera, o método é deveras cômodo, de grande alcance e fácil aceitação pela maior parte da audiência.

Os chamados “Terraplanistas” atuais (nada mais que adeptos de uma teoria da conspiração que apesar de eventualmente estar em voga, é tão antiga quanto a própria ignorância) fazem uso de vários expedientes desse tipo, tais como valer-se de passagens como Isaías 40:22.

Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar.

Cabe aqui ressaltar que a Bíblia, segundo os próprios religiosos, não tem como proposta atuar como um ensaio acadêmico de astronomia. Além do que existem várias traduções para o termo usado nessa passagem: Chuwg, mas todas dão ideia de círculo, duas dimensões.

O termo normalmente lido como “esfera” é Duwr que quer dizer, em hebraico, exatamente isso, “bola”. Por coincidência essa palavra é usada também em Isaías (22:18), sob outro contexto. Em suma, segundo o autor, nosso mundo teria exatamente aquele formato: um plano(!).

641150ab3e1b39562b03df4f1054c423.jpg

 

Jesus e a adúltera – Ou: Teria Jesus mudado a “Lei dos Profetas”?

Em uma entrevista no programa do humorista Bill Maher com Ralph Reed, membro conservador da extrema direito do Partido Republicano, o político é colocado contra a parede quando o apresentador o questiona se este é parte dos cerca de 28% dos americanos, que segundo uma pesquisa acreditam na literalidade da Bíblia, e para seu azar, responde um sonoro “Sim!”.

Maher então saca uma lista, preparada de antemão, e começa a interpelar Reed a cerca das passagens mais execráveis de Velho Testamento. Desde se devemos ter ou não escravos até a famigerada passagem da adultera. Curiosa é a resposta rasa do entrevistado quanto a isso, a clássica desculpa de que “Jesus reescreveu a Lei no Novo Testamento”, que já ouvi inúmeras vezes.

O que o Bill, Reed e muitos ignoram é que ao que tudo indica, Jesus, ou melhor, aqueles que escreveram o texto, não tinham interesse em reparar a Lei, pelo contrário. No trecho em questão o Rabi aparentemente se aproveita de uma brecha, que diz que os acusadores deveriam estar puros, isto é, deveriam ter imolado um animal de véspera, para assim ter seus erros espiados.

Entretanto, suponho que se dentre tais acusadores existisse ao menos um que estivesse, “sem pecados”, como descreve o texto em questão, o Capítulo 8 do Evangelho atribuído ao apóstolo João, a pobre mulher pereceria a pedradas como era mandatário na Lei dos Profetas. Óbvio se levarmos em conta que é verdadeiro o acontecido, o que eu sinceramente duvido, bastante(!).